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Coelho branco na neve.

sábado, 4 de setembro de 2010

Pergaminhos do Mar Morto

"Cala-te, Noite, que tua voz ressoa em meu silêncio. Esse silêncio meu, tão teu que faz-me ouvinte de mim... Tão teu que grita toda tua, toda minha, toda essa fúria estática, atônita, muda. Cala-te, ó Noite, que assim, calada, tens em ti toda a música. É teu e só teu o canto das estrelas, coral radioso que só tu nos deixas ver. É tua a doce voz da dama de prata, rainha inconstante de teus céus. Então, cala-te, preciosa e linda, cala-te; pois és bela, és toda eterna. E com teu silêncio eterno, fazes de mim o que sou, mortal demente e frágil em tua escuridão, esperando temente a alvorada para glorificar-te, musa Noite. Pois cala-te! Deixa-me ouvir teu silêncio. Dá-me o riso, o pranto, a prece que não se pode ouvir. Dá-me teu amor, teu ardor, tua face cálida. Dá-me teu manto escudo, escuro, tua guarida. Dá-me de ti, Noite, e toma-me! Leva-me. Salva-me, ceifa-me as dores da vida. Porque em ti, ó Noite, quero apenas morrer de amor."

28-01-08


A partir desta, algumas postagens podem conter a reprodução exata, na íntegra e sem o mínimo de decência, dos meus escritos antigos. Coisas que eu encontrei embaixo da cama, que por algum motivo (provavelmente explicável pela entropia da natureza humana, ou simplesmente desordem) ficaram esquecidas ali por anos. Quase todos estão datados, e me surpreendeu muito perceber que eu escrevia melhor aos 14 do que jamais conseguirei aos 20. Espero que apreciem os frutos de uma época da qual eu me recordo parcamente, mas que me parece agora ter sido muito generosa, de uma maneira extremamente teatral.

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