Espelho, espelho meu...

Minha foto
Coelho branco na neve.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Bubblegum Crisis

Minha consciência - é, eu a tenho - pesa mais que um transatlântico agora. Imagino se eu vou conseguir levantar a cabeça do travesseiro amanhã...

Sensação de fracasso.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Supercalifagilisticexpialidoucious

O doce só tem mesmo doçura quando se conhece o amargo. Não há glória em amar a luz senão nas trevas. Os contrastes, os paradoxos que transitam à margem do caos beiram um cinismo ancestral; o barulho irritante do silêncio e a anestesia nauseante dos sentidos (que há muito não sentem) ferem os olhos que, ávidos, saboreiam o passar arrastado dos dias pelo espelho. A calmaria revolta desalinha os cabelos meticulosamente penteados do Destino; fio por fio, tudo sai do lugar. E fica outra vez, gritando como um louco, apenas o silêncio.
Só conto os dias pelas noites passadas em claro.



It's all the same, only the names will change
Everyday it seems we're wasting away
Another place where the faces are so cold
I'd drive all night just to get back home

(...)
Sometimes I sleep, sometimes it's not for days
And people I meet
Always go their separate ways
Sometimes you tell the day by the bottle that you drink
And times when you're all alone all you do is think.

domingo, 26 de setembro de 2010


Primeiro dia do pequeno Bruce aqui em casa.

Progressos muito grandes em um só dia; ele é um gato super-corajoso.


Ele é o Batman!

Fim de semana conturbado.
Na minha cabeça, pelo menos...

O riso,
pelo ridículo.
"(- Não posso falar.) -Quê?! (...) -Ahhhh!"
" - NOSSA! Mas cê bebe, hein?"
" - Será que ela vai cantar? - Aham; atrás de você."

Pela emoção.
"Então tá. Amanhã às 11 da manhã então."

Pela quebra de expectativas (ou comédia).
"Aaaaaaaaaah! Wooooon. Uuuuuuurgh. Wieeeeeeeeeh. Uiiiiiiieah. Aaaaaaaauaaahg. (Ploft.)"


E a compreensão da realidade, que dói mais que tudo às 2 da manhã.
A tristeza que sobra.
A ausência que sobra.
A saudade que sobra.



Que difícil, ter coração de fada.




(Seja bem-vindo, pequeno Bruce. Já te amo muito.)

terça-feira, 21 de setembro de 2010

(Ah, as mentiras que contamos a nós mesmos...)







Sobre as expectativas:


É comum nos pegarmos esperando. Acontece o tempo todo. Esperar, aliás, é a base de tudo; toda ação ou não-ação carrega em si própria uma esperança de algo que poderá vir de seu resultado. E isso, meus caros, é a origem de todo desapontamento. Um homem que não espera nada de nada jamais se verá desapontado. Nunca, em hipótese alguma, terá seus anseios frustrados - porque ele não tem anseios. E cabe dizer que esse homem está, provavelmente, morto. Não há registro, e nem haverá, de alguém que nunca tenha se desapontado. (Digo "tenha se" ao invés de "tenha sido" para deixar claro que nos desapontamos a nós mesmos, uma vez que coisa alguma nos incentiva a ter esperanças - posto que não é função das coisas, e sim um traço marcante da humanidade, fazer nascer a luz do que pode vir a ser e esperar ansiosamente por um raiozinho que nos ilumine.) Estou certa de que, com maior ou menor grau de euforia ou angústia, todas as pessoas que já nasceram nesta Terra esperaram por alguma coisa. E que, pelo menos uma vez, esperaram em vão.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Deus? O Senhor está ai? Sou eu... a Mariana.


Essa noite eu perdi aquilo que me era mais caro. Minha filha, minha melhor amiga, meu anjo, meu bebê. Perdi mais que minha alma; perdi o meu amor.
Arrancaram-me de mim.
O que eu faço? Não sei o que é vida sem a Kitty. Simplesmente não sei. Alguém me diz o que fazer?
Alguém? Por favor!
Ninguém?
Deus?

Já que Deus pode estar lendo esse blog, mas ainda não se manifestou a respeito, tenho uma coisa a dizer.

Deus,
não existe, em toda a Sua criação, lágrimas suficientes pra chorar meu pranto. Não existem palavras que definam o vazio. Não existem abraços que apaziguem a dor. E não existe nada - absolutamente nada - que me faça entender. Eu aceito, porque não tenho escolha. Mas não entendo. Eu poderia gritar, e minha voz seria ouvida do outro lado do mundo. Eu poderia levantar a mão aos céus e maldizer a Sua vontade. Eu poderia fazer muitas coisas agora. Mas eis o que vou fazer: vou agradecer-Lhe. Muito, muito, muito obrigada, Deus. Obrigada por ter colocado esse anjo no meu caminho, por ter me dado o presente mais maravilhoso que já foi dado a alguém. Obrigada. Obrigada. Obrigada. Eu nunca vou poder Te mostrar o quão agradecida sou por ter tido na minha vida um amor tão grande. Obrigada por confiar a mim alguns de seus anjos, esse em especial, e por permitir que passássemos anos e anos conhecendo o paraíso através dos abracinhos apertados, dos olhinhos brihantes, da linguinha cor-de-rosa, dos ronquinhos ao dormir, da carinha de sono ao acordar BEM NO MEIO DA CAMA... Por tudo. Por isso e mais, por ter me dado o céu em vida, infinitas vezes "muito obrigada". Espero também que o Senhor, em Sua sabedoria, tenha me agraciado com força. Força para seguir em frente agora, e manter minha alma intacta; porque Você me deu o maior amor do mundo, e ele precisou voar. E um amor tão grande assim, quando precisa partir, deixa um vazio imenso no coração...

Obrigada por ter colocado a Kitty na minha vida, obrigada por me ter colocado na vida da Kitty.

Cuida dela pra mim, por favor? Assim como confio que o Senhor tem cuidado do Nick, e do Little, e do Tommy, e de todos os outros do "programa de intercâmbio" que nos envia os Seus Anjos em quatro patas e um focinho.
Cuida dela por mim. Só até a gente se reencontrar.


Titi, a mãe te ama muito.
Me perdoa, bebê? Eu queria tanto ter estado com você, ter segurado sua patinha e sussurrado o que eu sussurro toda noite...
"Dorme bem, amor. A mãe tá aqui com você."

Descansa, pequena...
A mãe tá aqui. Vai ficar tudo bem.
Eu te amo.
Vai com Deus, minha anjinha de quatro patas. Mas volta, que essa estabanada da sua mãe precisa de um anjinho exclusivo! E no que depender daquelas irmãs suas, já viu, né?
Eu te amo, Kitty.
Eu te amo, Lady Mary Catherine Elizabeth.
Eu te amo, Titi.
Eu te amo, Chuchu.
Eu te amo, Pequena.
Eu te amo, Bebê.
Eu te amo, Quitolina.
Eu te amo, Suricate.

Eu te amo.
E eu não sei o que é a vida sem você nela.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Insônia

Era uma vez uma menina que não conseguia dormir. Ela virou um zumbi, aprendeu o moonwalk e passou a se apresentar em bares e festas infantis para poder comprar a ração do gato.

FIM.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Crítica ao Ócio (título sugerido pela irmã)

Just big talk.

Esse foi, provavelmente, o dia mais improdutivo da história dos dias. Motivo? Eu tô desde as 6 da manhã sem fazer ABSOLUTAMENTE nada. Não descansei, não me cansei, não pensei. Não cantei sequer uma musiquinha! Até eu, que sou uma cultuadora do ócio (criativo ou não), me impressionei com a minha incapacidade em agir. Só porque hoje eu disse que ia fazer por onde.


É, eu "fiz por onde"; fiz nada por lugar nenhum. Acabou que eu não progredi em nenhum aspecto - se é que não regredi. Intelectual, espiritual, física e metafisicamente.

Incrível como eu consigo atingir a inércia absoluta justamente na intenção de me mover.

Estou deveras embasbacada.


Zeus, se você estiver lendo esse blog, faz o favor de mandar um raio na minha cabeça? Quem sabe assim eu saia do lugar. Ou frite de vez.




I'm a hazard to myself!

Don't let me get me.

I'm my own worst enemy...

It's bad when you annoy yourself;

So irritating!

Don't wanna be my friend no more,

I wanna be somebody else.


[Pink - Don't Let Me Get Me]

segunda-feira, 13 de setembro de 2010


Pra que serve uma borracha?

Pergaminho do Mar Morto e a gota d'água

Hoje eu transbordei. Como um recipiente que se enche demais, como um copo cheio até a boca, uma única gota me fez transbordar. Perdi-me outra vez de mim para em seguida reencontrar-me; mais vazia, mais plena.

Quando a pressão no peito é muita, ela transborda e deságua pelos olhos. O leito dos rios salgados se move tentando sorrir, mas a tristeza é um terreno acidentado e pedregoso. Então os rios seguem seu curso face abaixo, deslizando sobre as bochechas rosadas, umedecendo os lábios e deixando na boca o gosto amargo da dor. Uma mão se move e tenta desviar o curso d'água, mas ele já cavou no rosto os sulcos angustiados que, uma vez mais, recebem quase afetuosos a torrente de lágrimas que brota da alma e vai formar suaves quedas d'água pelo pescoço longo, a gola da blusa já totalmente encharcada.

Hoje coloco mais um texto antigo, cujo significado eu só descobri agora. Ele foi escrito há quase quatro anos, na ocasião do exato oposto de hoje, e só agora eu entendi... Achei que fosse um acidente de boas-vindas. Era, no entanto, de adeus.


"Hoje fui atropelada por um caminhão.
(Não no sentido literal de "caminhão", pois não estaria aqui para relatar-lhes isso se realmente tivesse sido atropelada por um caminhão.)
Mas hoje, um caminhão bateu em mim.
E o caminhão me pegou desprevenida.
Tirou-me o ar.
Tirou-me a fala.
Tirou-me de mim.
Abriu-me o peito e virou-me do avesso.
De dentro para fora.
Súbita, porém lentamente.
Tragou-me para o profundo e jogou-me para o alto. Ao mesmo tempo.
Faz-me doer o corpo e a alma, mas não a mente.
A mente, sempre tão atenta, ativa, altiva.
Essa mente, essa mesma mente, se entorpeceu.
Parou.
Parou...
Morreu.
Um caminhão bateu em mim.
E isso doeu."


Goodbye, Space Cowboy.


sábado, 4 de setembro de 2010

Pergaminhos do Mar Morto

"Cala-te, Noite, que tua voz ressoa em meu silêncio. Esse silêncio meu, tão teu que faz-me ouvinte de mim... Tão teu que grita toda tua, toda minha, toda essa fúria estática, atônita, muda. Cala-te, ó Noite, que assim, calada, tens em ti toda a música. É teu e só teu o canto das estrelas, coral radioso que só tu nos deixas ver. É tua a doce voz da dama de prata, rainha inconstante de teus céus. Então, cala-te, preciosa e linda, cala-te; pois és bela, és toda eterna. E com teu silêncio eterno, fazes de mim o que sou, mortal demente e frágil em tua escuridão, esperando temente a alvorada para glorificar-te, musa Noite. Pois cala-te! Deixa-me ouvir teu silêncio. Dá-me o riso, o pranto, a prece que não se pode ouvir. Dá-me teu amor, teu ardor, tua face cálida. Dá-me teu manto escudo, escuro, tua guarida. Dá-me de ti, Noite, e toma-me! Leva-me. Salva-me, ceifa-me as dores da vida. Porque em ti, ó Noite, quero apenas morrer de amor."

28-01-08


A partir desta, algumas postagens podem conter a reprodução exata, na íntegra e sem o mínimo de decência, dos meus escritos antigos. Coisas que eu encontrei embaixo da cama, que por algum motivo (provavelmente explicável pela entropia da natureza humana, ou simplesmente desordem) ficaram esquecidas ali por anos. Quase todos estão datados, e me surpreendeu muito perceber que eu escrevia melhor aos 14 do que jamais conseguirei aos 20. Espero que apreciem os frutos de uma época da qual eu me recordo parcamente, mas que me parece agora ter sido muito generosa, de uma maneira extremamente teatral.