Espelho, espelho meu...

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Coelho branco na neve.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


"Uma manhã fria de agosto. Praça Buenos Aires. No chão um mosaico, formado pelos raios de sol que se infiltram através das folhas miúdas das árvores. Sol dourado como os lustrosos botões que adornam a casaca vermelha do saxofonista à entrada do parque; e, tal qual os mesmos botões, frio. A doce melodia que flutua até os ouvidos, doce como os croissants de chocolate embrulhados em papel branco, não é capaz de aquecer o sorriso triste que brota involuntariamente dos lábios pálidos. Nem o café fumegante consegue tal façanha.
É uma simples manhã, uma ordinariamente simples manhã de agosto. Mas a alma pétrea e enrijecida que desliza o lápis pela folha, desvirginando-a cruelmente, só consegue rabiscar um roteiro de film noir de quinta categoria, alheia ao balançar alegre e cadenciado da cauda de um golden retriever que atravessa o átrio."

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