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Coelho branco na neve.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre a solidão.


Acho incrível o poder de aglutinação que têm os seres humanos. Os animais, em geral, se unem por propósitos específicos - proteger-se, aquecer-se, alimentar-se. Da força de todos faz-se a força do um. Isso é natural e necessário.
Porém, é nas relações humanas que se vê o comportamento mais interessante: nós nos unimos pelo simples fato de adorarmos multidões. Não importa que os elementos formadores da massa não tenham entre si um único aspecto em comum além da condição humana; uma fila, uma roda, um bando desorganizado de elementos únicos em sua coletividade. Daí - da agregação de muitas, muitas, muitas pessoas -, surge o sentimento mais insidiosamente agressivo do qual já se teve notícia: a solidão.

Sobre esta, ressalto que tem intrínseca relação com as multidões. Todos já experimentaram, ou experimentarão algum dia, aquela horrível sensação de desencontro, de incompletude, de não-agregação ao mundo que nos cerca, que abate implacavelmente e nos obriga a confrontar sozinhos a força do um: nosso eu. O homem na multidão é subitamente forçado a encarar a si mesmo, seus valores e sua própria essência, sozinho. All alone in the dark, bem ali na arquibancada lotada do estádio na final do Brasileirão.

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