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Coelho branco na neve.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Amanhã será um grande dia...

Acredito que, quando as coisas têm um significado muito intenso, elas adquirem vida própria - uma vida alheia às outras vidas, com seus próprios dilemas e suas próprias significâncias, seus motivos únicos que permeiam sua existência. Gosto de chamá-las, parafraseando Nietzsche, de "espíritos livres".

Um espírito livre liberta-se de suas amarras para com aquele que o criou, embora jamais rompa seus elos com o mesmo; terá, a partir de seu nascimento, liberdade e poder sobre seus vários destinos; porém, jamais poderá ou quererá se desvencilhar daquele que lhe deu origem, e seus destinos voluntariamente se unirão aos de seu criador. Se entremeará infinitamente e de forma incontestável aos sentimentos e idéias de sua fonte, dando-lhe a força necessária para atravessar as barreiras que, sem ele, pareceriam intransponíveis.

Um espírito assim requer pouca coisa para nascer, mas uma delas é imprescindível: para que entidade tão poderosa tome forma em mundo hostil como este, é necessária a força de uma paixão. Qualquer que seja. Há de ser uma paixão transbordante, agressiva, intransigente. Uma paixão violenta. Uma paixão humana.

E então, o sentimento toma forma. E se liberta. Chacoalha-se e rodopia-se em si mesmo, travando consigo uma batalha épica. Uma batalha de morte, onde não há perdedores porque nenhum dos lados vence – porque só existe um único lado. Uma única face, mirando-se no espelho. Confrontada com suas próprias mentiras. Com suas próprias angústias. Com seus próprios anseios. Assim, nasce um espírito livre, uma besta surgida das paixões. E tudo ao redor do espírito se enche e é cercado dele, de forma inegável e indelével.



Tudo muito humano - demasiadamente, absurdamente, extraordinariamente humano.

Amanhã será, sim, um grande dia.

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