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Coelho branco na neve.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Aos absurdos

(ou "Sobre aquela gente que não nasceu pra ter filhos, mas os tem.")


Começo o texto com uma crítica e um convite a enxergar o óbvio:


tente olhar pra essa foto e ver, não necessariamente uma criança feliz, mas uma criança. Tente, de verdade, olhar pra essa "criaturinha" e não pensar que tem alguma coisa muito errada aí.
Se você conseguiu, olhe outra vez. Porque você está vendo errado.


Os padrões de beleza são mutáveis, cada um deles se impondo à sociedade que o molda e quase automaticamente inadequando os integrantes dessa sociedade.

                   
Qualquer que seja o ideal adotado, há em torno dele uma sexualização que desqualifica o indivíduo como pessoa e tenta a todo custo torná-lo objeto. Essa coisificação padronizada tende a ser glorificada e altamente superestimada, quase sempre custando muito caro (em todos os aspectos.)
Os anseios frustrados e o exagero da imagem geralmente se exteriorizam como comportamentos neuróticos e potencialmente danosos à saúde física e mental daquele que tenta se encaixotar encaixar nos padrões.
Mas, fazer o quê? Manipulações, pressões e exigências à parte, é cada um com sua escolha. Não vejo problema em tentar se sentir melhor consigo mesmo, quem quer que seja esse "sigo" aí.

O que eu vejo e me enoja com eficácia ímpar, no entanto, é a insanidade coletiva (porque não existe outra explicação pra isso) dos extremos. Mães e pais insatisfeitos que depositam nos filhos suas expectativas frustradas e transformam a infância em um circo. As crianças se sentem e se tornam o centro do espetáculo, sem saber que na verdade é um show de horrores.
O primeiro absurdo é, claro, a sexualização precoce e invariavelmente catastrófica dessas "pequenas misses". Depois, a exposição a valores deturpados e a uma noção de "realidade" completamente ilusória.
O estímulo desnecessário a competições ferrenhas - ganhar, ganhar, ganhar. A arte de dissimular. Sorrisos falsos. Maquiagem pesada. Perucas, apliques, esmaltes, vernizes que quase sempre impedem que aquelas lindas mini-tragédias ambulantes desenvolvam caráter e personalidade próprias (porque elas, via de regra, não têm idade ou estrutura para saber como fazê-lo). Ao invés disso, acabam por absorver e assumir para si o espectro projetado por uma mãe insegura e superficial, tornando-se então adultinhas bizarras com uma noção completamente distorcida de que o mundo é, na verdade, a casa de praia da Barbie Malibu e que, no fim, tudo se resume a "eu sou linda, olhem pra mim, me comprem".

Não julgo o estilo de vida de quem vive da beleza (própria ou alheia); não é minha função julgar nada.
Só penso que crianças devem ser crianças, até porque só se pode fazer isso uma vez. E que pais que transformam os filhos em marionetes deveriam sofrer uma morte lenta e dolorosíssima.
(Cabe lembrar que minha opinião não se aplica só aos extremos físicos. Manipuladores de plantão, pais sufocadores e controladores: USEM CAMISINHA. Se querem cópias de vocês mesmos, torçam pela era da clonagem e desistam de ter filhos. Seus narcisistas imbecis desgraçados.)

Pronto, falei.

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