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Coelho branco na neve.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

o dia depois de ontem

Hoje me engajei numa conversa prandial que me levou à seguinte reflexão:

às margens de um evento apocalíptico, anunciado e garantido, o que você faria?

"Endireitar as veredas!"

Discordo; cultivo e nutro vários desvios de caráter, mas não tenho por hábito ser hipócrita. Uma vida desregrada não se apaga com uma semana de boa conduta. Especialmente se a tal conduta esperada for apenas uma reação amedrontada ao fim iminente.

O exemplo dado na conversa foi o seguinte (convido os leitores a ilustrarem à vontade):
[link para referências - http://www.ebiblefellowship.com/pt/may21_pt.html e patati, patatá.]


E se é verdade e Jesus Cristo vem mesmo arrebatar os salvos sábado que vem;
você tem uma vida toda de pecados e uma semana pra mudar.

Você muda?

Se confessa, vai à igreja, paga o dízimo, beija a mão do padre, abraça as criancinha, não xinga os pais, não fala mal dazamiga, não se entope de comida, não enche a cara, não passa a mão na bunda da namorada do amigo, não fornica, não mente, não rouba, não mata.
Por uma semana.

Isso vai te salvar?
E se for salvar, você faz?

Bom, sinceramente... não. Não faço ou deixo de fazer mais do que faço ou não faço todos os dias.
Acho que mudar por conveniência é muito menos louvável do que manter o modus operandi e aceitar as conseqüências.


"Ah, mas você enfrentará a penúria?"


Sim. De alma suja e consciência limpa.
Talvez O Grande discorde - e eu não tenho a menor pretensão de saber o que se passa fora da minha cabeça -, mas até onde me cabe o entendimento, eu fico.
E se você acredita que já tá com um pé no Paraíso, é melhor pensar duas vezes.



Anunciaram e garantiram
Que o mundo ia se acabar
Por causa disso
Minha gente lá de casa
Começou a rezar...
E até disseram que o sol
Ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite
Lá no morro
Não se fez batucada...

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando
De aproveitar...

Beijei a bôca
De quem não devia
Peguei na mão
De quem não conhecia
Dancei um samba
Em traje de maiô
E o tal do mundo
Não se acabou...

Chamei um gajo
Com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E festejando o acontecimento
Gastei com ele
Mais de quinhentão...

Agora eu soube
Que o gajo anda
Dizendo coisa
Que não se passou
E, vai ter barulho
E vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou...


(Será que o fim do mundo é uma boa desculpa pra gente dizer pra alguém tudo aquilo que queríamos ter dito, mas que calamos por faltar motivo, coragem ou descaramento?)
(Acho que não...)

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